quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Ele estava na janela. Olhava de cima o movimento quase inexistente daquela rua. Deixando sentimentos o tocarem em tamanha profundidade que nada os afastaria. Ele imaginava sua vida longe dali, fazia planos. Todos em vão. Ele a viu, seu jeito de andar o encantava. E ele a observava, cada movimento, cada sorriso passava lentamente em sua mente. O vento corria por entre seus cabelos longos, deslizava sua pele morena, e sussurrava no seu ouvido. O vento levava olhares que vinham de todas as partes, versos mudos, cartas, beijos roubados e a admiração que não parava de jorrar dos olhos negros estatelados na janela. Seus planos se tornaram tolos, sua imaginação desfalcada. Uma onda de arrepio passou pelo seu corpo exalando a felicidade extrema, e com ela evaporaram-se todos os seus medos, sendo triturados um a um por aquele perfume que ele sentira no ar. E só o sorriso que vinha daquela direção lhe passava a cabeça, nada mais. Uma necessidade imensa fez com que ele sussurrasse palavras que ninguém poderia ouvir. E ela não olhou pra trás.