quinta-feira, 18 de março de 2010

Imaginação

Eu te via do sofá da sala por entre as brechas das almofadas e minhas pernas; você estava sentado na mesa fazendo pesquisas no computador, como sempre ficava depois das nove. Eu te olhava e ria, pensando em toda a nossa história, e como acabamos exatamente como imaginávamos. Você viu quando tentei esconder atrás do livro meu sorriso de satisfação. E você se levantou, vindo na minha direção com cara de romance e andar lento, olhando nos meus olhos como quem se apaixona à primeira vista. E eu te seguia com meus olhos marejados de felicidade, até que você se sentou ao meu lado, e enquanto sua mão escorregava pelos meus cabelos, meus olhos se fechavam lentamente para dar lugar ao toque macio que seus lábios trazem. Eu senti meu coração disparar, minha respiração se acelerando e um calafrio que circulava pelo meu corpo sem ponto de chegada. Foi quando senti tuas pernas se entrelaçarem nas minhas, e quando percebi estávamos num encaixe perfeito, e a sensação inesquecível de segurança, certeza e amor tomava a minha mente enquanto eu me encontrava ali, nos teus braços. Passamos a noite inteira estáticos, como se não tivéssemos compromissos, e nenhuma palavra foi necessária.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Algo me diz que eu não estou bem.

Quero ficar estática olhando para algo que me lembre o vazio, não quero usar minhas cordas vocais nem o meu cérebro, quero perder todo o líquido existente dentro desta carne semi-viva, quero desatar este nó que machuca minha garganta e me faz perder a fonte de respiração, quero sentir a água invadindo os meus pulmões, quero fechar e abrir os olhos sem notar diferença alguma de cor, luz ou sombra, quero não precisar mover um músculo, quero sentir a dor da fome contraindo as minhas víceras e a dor do sangue que escorre sob a minha pele secando as minhas veias aos poucos, quero sentir a sensação de formigamento tomando meu corpo vagarosamente. Quero ter a conciência de que amanhã é o meu último dia e não fazer uma coisa sequer em relação a isso.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

-Desculpa..

-Tá bom, vamos falar de outra coisa.
-Vamos falar do meu fracasso como ser humano...
Eu não sei o que vou fazer da minha vida, e todas as ideias que eu tive são ruins. Eu não consigo estudar quando tem gente em casa. Eu não sei fazer conta de cabeça, nem de somar. Eu aceito quando falam mal de alguma coisa relacionada a mim, e ainda fico mal por isso, e me arrependo depois por não ter feito nada, mas incrivelmente eu nao mudo. Eu prendo sentimentos de raiva e guardo os de culpa eternamente. Eu me estresso por qualquer sermão por menor que seja. Eu choro sempre que fico estressada. Eu choro por qualquer sermão. Eu consolo mas não penso pelo lado positivo quando eu realmente quero sofrer. Eu gosto da solidão, do escuro, e acho a morte algo totalmente aceitável. Sou um pouco egoista, ciumenta. Falo e não faço, faço e não falo. Eu não tenho iniciativa. Demoro trinta anos pra escolher alguma coisa, quando não sigo o comodismo pra escolher. Decepciono as pessoas com escolhas momentâneas e com motivos que só eu sei. Não falo tudo o que penso pra ninguém, sempre chega num momento que eu, pela felicidade da pátria, penso e fico calada. Eu não faço nada pelo meio ambiente além de não jogar papel no chão. Eu tenho o ego grande, as vezes me acho, sim, uma pessoa melhor que outras. Eu me sinto triste com uma vida boa, longe de todos os problemas sociais que assolam esse pais. Eu choro toda noite por uma escolha que eu mesma fiz. Eu sou a pior decepção do universo. E eu insisto em dizer que sou uma boa pessoa.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A cada palavra que saia de lá ia direto na minha garganta, e eu sentia como se ela fosse se fechando mais e mais, e quando eu percebi eu estava em prantos. Uma saudade que não cabia mais em mim se tornava dor. E eu me senti sem você. Sozinha, sem as suas palavras, teu olhar. Eu quis voltar no tempo, pra um momento bom, pra me distrair e voar pra longe da carne viva, do meu corpo que sangrava sozinho. Mas voltei pros teus braços, teus abraços, laços. O que tornou minha alma ensanguentada, tomada por aquele peso chamado saudade. E cada lágrima derramava um pouco do que me restava de sanidade. Foi quando todo aquele peso se foi. Me vi desatar os nós da vida, e a frieza da solidão me levou. Passei pela tua porta e era como se todos os momentos acontecessem ao mesmo tempo, te vi passar por mim, mas teu olhar não me alcançava mais. E eu sorria, por somente estar ali, onde tantas vezes teu calor me tocou, fazendo meus sentidos debruçarem sobre a janela do meu corpo e minhas mãos levitarem no som dos teus risos.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Confissões de uma madrugada solitária

Saudade de vc
em todos os sentidos
em todos os meus sentidos
na sua cama
no meu sofá
no seu quarto
na minha sala
no meu colchão
mas principalmente nos seus braços
no seu corpo
no seu suor
na sua boca
nas suas mãos
estou nas suas mãos
e você no meu pensamento
dia e noite
madrugada e meia
e meias, calças, camisetas
cabelos, pele, músculo
saliva
sinto falta do seu beijo
do seu jeito, sua voz
foz.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Bom, se eu conseguisse passar todas as minhas idéias para palavras, elas se tornariam um lindo texto. Ele faria brotar lágrimas dos teus olhos, e mesmo sem entender a complexidade do que minhas palavras simples e frases curtas expressariam, você iria se emocionar. Mas não. Eu não quero escrever, que é pra não concretizar o que eu estou sentindo, e tudo que meus pensamentos trazem consigo. É essa a minha saída. Facilitar para que meus sentimentos possam ir embora, e junto com eles meus problemas e a luz que vem da porta. Quem sabe assim eu consiga dormir.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Eu só não morro porque eu não ia agüentar de saudade

Eu não agüento a idéia de não ter você por perto. E só de lembrar dos teus olhos, esses olhos arregalados que me mostram a porta dos teus sentimentos, me corrói a dor. A dor da tua ausência. Eu te vi hoje, te beijei forte, tua boca macia e irresistível, te abracei apertado, até que as tuas costelas encostassem nas minhas e eu pudesse sentir teu coração batendo em direção ao meu, recebi seus carinhos e seus olhares. E mesmo com a certeza de te ver, ainda essa semana, só de imaginar não te ter por perto, na hora que eu quiser, do jeito que eu quiser, não poder te dar beijos inesperados, não sentir suas mãos tocarem as minhas costas, não ver seus olhos querendo encontrar uma janela que te leve até meus pensamentos..é como se eu não tivesse força, como se meus músculos se contraíssem sem seu toque, como se meus nervos se enrolassem sem você pra deixá-los à flor da pele, como se meus neurônios parassem sem a tua voz. E me corrói a dor.